quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Be a woman

10:25. Lá vinha ela, como já se tinha tornado habitual, com o cabelo todo despenteado e os seus olhos esbugalhados ainda sonolentos e de almofada debaixo do braço. Costumava pedir à sua mãe leite com bolachas para o pequeno-almoço. Nesse entretanto foi sentar-se no sofá a ver os seus desenhos animados favoritos. Para ela, o mundo era um conto de fadas, com príncipes e princesas e com histórias de finais felizes. Quando a mãe ali tivera chegado para lhe dar o pequeno-almoço, disse: “Mãe, quando for grande quero ser com a cinderela”. A mãe, sem saber o que dizer, sorriu-lhe docemente e perguntou-lhe o porquê daquela sua escolha. A filha fez uma pausa e disse: “Porque ela é linda, forte, e conseguiu vencer as bruxas más e ficar com o seu príncipe encantado”. A mãe, tendo também já sido filha e criança, reviu-se na situação da filha, respondendo-lhe: “Hás-de ser uma Grande Mulher”. A criança sorriu e continuou muito animada a ver os desenhos na televisão. Sonhos de criança, quem não os teve? O tempo tivera passado e a criança que queria ser como a cinderela, afinal já não era assim tão criança, e como tudo muda, os sonhos não eram excepção. Agora o seu verdadeiro sonho era ser super modelo. Era muito vaidosa, estava constantemente em frente a um espelho e adorava o ambiente das passarelas e das luzes que se sobrepunham ao brilho das modelos. Novamente, mas desta vez com mais convicção, disse à mãe que queria ser uma super modelo conhecida nacional e internacionalmente. A mãe, sabendo já como era verdadeiramente a vida real, disse-lhe sorrindo: “Hás-de ser uma Grande Mulher”. A filha que agora já era mais crescida, começava a desconfiar do que a mãe lhe dissera. Tempos depois, a criança deixou de o ser e tornou-se numa adulta persistente, convicta e segura das suas próprias decisões. Era então ela que, agora, tomava as suas decisões e arcava com as consequências das suas acções.

19:15. Sexta-feira. Chega a casa, depois de uma cansativa semana de trabalho. Senta-se no sofá e liga a televisão. Por coincidência (ou não) estava a passar o filme da cinderela. Para ela, o tempo retrocedeu até àquele dia em que tinha decidido ser como a cinderela. Sorriu para aquele ecrã rectangular e emocionada, pensou: “Bem dizia a minha mãe que eu iria ser uma Grande Mulher”. Tinha então chegado a hora do juízo final. Ergueu-se e disse bem alto: “Não importa o que sonhamos ser, não importa o que dizíamos ou fazíamos quando éramos criança. O que realmente importa é que esses tais sonhos que naquela altura eram tudo para nós e que com o passar do tempo se foram alterando e ficando cada vez mais apagados ou esquecidos, fizeram de mim, a criança, uma Grande Mulher. Sim, porque as Grandes Mulheres são aquelas que escolhem o que querem para as suas vidas, quer agrade ou não à pessoa alheia, não é aquela que não foge à regra com medo de cair e segue o caminho de uma qualquer para evitar o sofrimento e coleccionar os sorrisos. A Grande Mulher é aquela que luta pelo que quer, que sofre por quem ama, e que dá tudo pelo outro”. Não sejas diferente, marca a diferença.

Sem comentários:

Enviar um comentário